Ciclo Circadiano e Crononutrição

O ciclo circadiano é o nosso relógio biológico. Ele serve para preparar o organismo para o ciclo diário de claro-escuro. Como o nosso relógio interno não combina exatamente com as 24 horas do ambiente externo, é preciso recomeçar todos os dias.

O ciclo circadiano dos mamíferos é composto pelo relógio central do cérebro, mais especificamente no hipotálamo, chamado de núcleo supraquiasmático (SCN).

O SCN recebe uma projeção da retina, na qual a luz ambiente sincroniza aproximadamente o ritmo de 24 horas do SCN com o ritmo exato de 24 horas do ambiente.

A origem do nome vem do latim, circa-diem = em torno de um dia, que corresponde a aproximadamente as 24 horas do dia.

O SCN envia um sinal para o relógio do tecido periférico através do sistema nervoso autônomo e também sinalizações hormonais (incluindo melatonina e cortisol), modulação da temperatura corporal e sinalizações comportamentais, como ingestão alimentar e atividade física.

Alguns dos principais hormônios envolvidos neste processo são o cortisol e a melatonina. O cortisol tem seu pico de atividade antes do pôr do sol. Já a melatonina, conhecida como hormônio da escuridão, é liberada exclusivamente na fase escura do dia ou da noite.

Estudos mostram que o comportamento dormir-acordar afeta o risco de desenvolver resistência à insulina. Tanto quem dorme muitas horas quanto quem dorme poucas horas têm risco aumentado de desenvolver diabetes tipo II. Sendo o tempo de sono 7-8 horas considerado o ideal.

Uma reação muito fácil de identificar as propriedades do nosso relógio biológico é o “jet lag”. Este é um efeito ocasionado em viagens muito longas e que causa desequilíbrio temporário no ciclo dormir/acordar.

Outro exemplo de sua função é na ingestão de medicamentos, que devem ser tomados em horários determinados do dia. O objetivo é melhorar sua efetividade e/ou controlar efeitos colaterais.

Neste sentido, a crononutrição também está relacionada com o ciclo circadiano. Dependendo do horário do dia, a ingestão alimentar pode ser maior ou menor.

Sabe-se que o horário do dia em que ocorre ingestão dos macronutrientes (carboidratos, lipídios/gorduras e proteínas) é crítico para o desenvolvimento de obesidade, devido à influência do ritmo circadiano no metabolismo dos lipídios e da glicose.

A crononutrição foca em como nossos hábitos alimentares influenciam nosso relógio biológico e o ciclo circadiano.

Estudos mostram que existem 4 padrões de distribuição de energia ao longo do dia. São eles: café da manhã, almoço, jantar e lanches. E que eles variam conforme vários fatores, tais como idade, sexo, condições socioeconômicas e hábitos culturais de cada país.

O desequilíbrio da fisiologia circadiana, que pode ocorrer por distúrbios do sono ou trabalho em turnos, pode resultar em doenças gastrointestinais, como Síndrome do Intestino Irritável, além de obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.

Estratégias para melhorar a saúde metabólica pela sincronia circadiana incluem modulação da exposição à luz (evitar uso de computadores, tablets e smartphones à noite), modulação do comportamento rítmico e cromoterapia.

Referências:

doi: 10.1016/j.ydbio.2017.09.012

doi: 10.1016/j.tig.2017.07.010

doi: 10.1038/s41574-018-0122-1

doi: 10.1371/journal.pcbi.1006714

doi: 10.1017/S0029665116000306